quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Vou ou não vou?



Vou ou não vou?
Me pego olhando para os lados, esperando alguém ajuda-la, mas ninguém aparece. Talvez ela se encontre sem a minha ajuda, posso fingir que não vi nada e sair andando...mas e se ela realmente precisar de ajuda? Ela pode nunca mais encontrar o caminho para casa, e isso será minha culpa.
Olho novamente para seus olhos castanhos e perdidos, tentando encontrar algo, alguém, algum lugar e me vejo, perdida, no meio de uma cidade cheia de gente estranha e barulhos, sem saber para onde ir, sem nenhuma ajuda. Dou um passo hesitante ao encontro da menina. Estou cada vez mais perto, observando a reação dela. Será que ela vai estranhar? Afinal, gentileza é um produto em falta nessa cidade e não quero assusta-la ainda mais. Ela olha para os lados, a procura de ajuda, de alguém que possa orienta-la e sinto-me um pouco mais confiante a ajuda-la, acreditando que minha ajuda não será rejeitada. Dou mais alguns passos e finalmente estou tão perto que posso toca-la, e com um tom de voz meio incerto, pergunto se ela precisa de ajuda.
Estou esperando uma reação positiva, até mesmo um sorriso, mas acho que viajei nas minhas expectativa e quando me dou conta a menina já está longe de mim, correndo do perigo que eu nunca ofereceria a ela.

(Exercício: Olhar para fora)

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Por que?



Eu estava nos meus quatro anos de idade quando essa fase começou. Era tudo "por que". Por que vai sair com essa roupa? Por que eu não posso voar? Por que que você espirrou? Por que era a minha pergunta favorita, mas ao que parece, não era a da minha família.
Passou-se um ano e eu continuava com a minha mania do "por que?" pra tudo, mesmo quando eu não tinha nenhuma dúvida ou curiosidade, ele estava lá. Tinha uma época em que eu respondia tudo com "Por que?" e também comecei a usar o "Para que?" , só por gostar do jeito que soava quando eu falava.
Por volta dos cinco anos e meio, minha tia resolveu usar um "tratamento de choque" pra me fazer parar de falar tanto "por que?" e toda vez que eu perguntava qualquer coisa, todos repetiam "Puuuuuur queeeee?". Isso até que poderia ter sido um bom tratamento, mas eu achava tudo isso tão engraçado, que resolvi que nunca ia parar. E passou-se um ano, dois anos, três anos e a mania do "por quê" foi ficando menos constante, e mesmo que eu falasse pelo menos cinquenta vezes por dia, estava bom pra minha família...ou pra quase toda.
Minha tia continuou a rir de mim toda vez que eu fazia uma pergunta, e eu tenho certeza que vai continuar assim, mas eu não ligo, porque tia é tia e elas nunca mudam. Posso ter parado com a minha mania, mas eu nunca vou entender...Por que?