quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A mulher




      Fui a primeira a vê la e corri, corri com todas as minhas forças para alcança-la antes de qualquer outra pessoa. Lá estava ela, parada, esperando que eu me aproximasse para que pudesse encher a minha mente de sabedoria. Queria conversar com ela, perguntar sobre sua vida e como ela chegará ali, sozinha.
      Já quase sem fôlego, mas ainda correndo, vejo outra pessoa, ou seriam duas?, correndo na mesma direção que eu e me desespero. Começo a correr ainda mais, meus pés quase sem tocar o chão e sinto a respiração da minha colega de trabalho tentando me alcançar , cansada, mas sem perder a força que nos move, a estranha mulher, que continua nos encarando sem se mover. Vejo então a outra dupla parar por um momento e prendo a respiração, soltando-a apenas quando vejo os dois correrem para a direção oposta de onde estavam indo e dou um sorriso entre uma respiração e outra, ansiando o momento de poder ver de perto a mulher que nos espera.
       Estamos cada vez mais perto, podemos ouvir o som de sua respiração e...pera ai. Ela não está respirando, não está se movendo, apenas nos encara com a mesma admiração que nos encarava dois minutos atrás. Então reparo nos seus cabelos que parecem pedaços de arame enrolados, olho seus olhos brilhantes como botão, sua pele branca como papel e com um sorriso de descrença dou meia volta, pois sei que ela nunca irá contará seus segredos para ninguém.

(Crônicas de Paraty)

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